"Sou uma mulher madura que as vezes anda de balanço , sou uma criança insegura que às vezes usa salto alto. Sou uma mulher que balança, sou uma criança que atura."

Martha Medeiros

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Ni una a menos! Somos todas Lucía... Pelo direito de viver e sonhar...

 “Nada causa mais horror a ordem que mulheres que lutam e que sonham”
José Martí

Essa semana chegou a público o estupro e morte de Lucía, ocorrido no último dia 15. Não foi apenas um assassinato, foi um caso de feminícidio. Uma mulher morreu porque ela era mulher. O que leva alguém a cometer um ato tão brutal contra outra que deveria ser sua semelhante? Lucía não é semelhante. Lucía passou anos de sua vida sendo subjugada, sendo tratada como objeto. Lucía deve ter escutado muito que devia “agir como moça”. Ser “mais mulher”. Que deveria ser mais feminina. Muitas vezes Lucía deve ter sido orientada a não sair de casa a noite. A não falar com estranhos, principalmente se esses forem homens. Quantas cantadas não deve ter escutado na rua. Quantos assédios não deve ter sofrido em seus escassos 16 anos. Anos que foram tomados. Violentados. Brutalmente arrancados.
O que levou à morte de Lucía não foi apenas um homem, mas toda lógica machista que predomina em nossa sociedade e nos mostra enquanto objetos, enquanto coisas a serem consumidas junto ao mercado. Somo sandálias, calças, langeries, bijouterias, corpo, pernas, braços, olhos, seios, sexo... Nos mostram em partes, nunca um todo, com sentimentos, sonhos, garra, luta, e com um sangue que ferve cada vez que nos deparamos com mais um ato de violência contra qualquer uma de nós...
Lucía é argentina, mas poderia ser brasileira, chilena, peruana, cubana, nicaraguense... Temos algo em comum, somos filhas da mesma colonização, fomos invadidos, nossa terra nos foi tomada, somos filhas da mesma América Latina violada, maltratada, estuprada... As fronteiras nos impedem de nos abraçar, mas não impossibilitam que os jugos do patriarcado circulem, o machismo possui livre circulação em todas as nações filhas do capitalismo. Nossos corações se unem em um mesmo sofrimento. Em muitos países mulheres estão paralisando ruas e espaços contra o feminicídio e gritam pelo fim do machismo.
Tornaremos nossos grilhões correntes de resistência, em cada argola uma dor, um sonho, uma guerra, a luta não se acaba em uma, mas se estende por toda uma América... Por Lucía e por todas, gritemos: “Ni una a menos!”


Carpe

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