A militância da mulher na esquerda é uma
luta continua, hoje há espaços de resistência, porém, mesmo nesses espaços a
mulher encontra dificuldades uma vez que somos todos filhos e herdeiros do
machismo.
Por que discutir machismo na esquerda?
A esquerda tem como luta principal a
contestação da ordem capitalista, o machismo é um dos principais pilares do
capitalismo, logo a luta contra o machismo só poderia se dar no âmbito da
esquerda, ao menos em tese. Contestar o machismo na direita é ilógico uma vez
que a mesma tem como fundamento a mulher restringida ao privado e, quando fora
dele, sendo oprimida nos mais diversos ambientes. A esquerda tem que ir contra essa
reprodução ou será incoerente, a discussão em torno desse tema é pensar formas
das mulheres resistirem para mudar esses espaços e dos homens construírem essa
luta juntamente com essas mulheres, só assim haverá de fato um posicionamento
de esquerda.
A resistência
Lembremo-nos que a mulher proletária somente
passou a ter direito a alfabetização muito recentemente bem como deixou de se
restringir apenas ao ambiente privado, por esta razão há SIM dificuldade em se
manifestar enquanto intelectual, mesmo a luta da mulher, ou seja, sua história
de resistência passou a ser estudada muito recentemente. Em círculos de
discussão alguns homens se impõem com a voz, gritando, ou com gestos agressivos,
a mulher dificilmente vai se manifestar diante de alguém assim, e se houver
embate político ela vai encontrar dificuldade de se expressar diante do tom
agressivo do militante, além disso, sabemos que nos espaços de militância de esquerda, ao menos os que não são totalmente voltados para a questão de
gênero, a maior parte será composta por homens, a mulher já encontra uma
desvantagem numérica, o que deve ser superado.
A Família
O mais comum nesses espaços é a
reprodução da família. Por exemplo, se há um casal de militantes e eles têm um
filho, quem ficará restrito a casa para cuidar da criança? Quem vai deixar de participar
das discussões políticas? A mulher. É a reprodução da família, já dizia Engels
que em outras sociedades o filho é social sob a responsabilidade de todos os
integrantes de determinada sociedade, em nosso “bom e velho” capitalismo essa
responsabilidade se restringe a mulher. Não há preocupação da maioria dos
coletivos em um espaço para as crianças, que possibilitem que a mãe e o pai
possam participar das discussões, inclusive esse é um dos motivos de haver
poucas mulheres militantes, mesmo na esquerda as mulheres ainda estão restritas
a casa cuidando de seus filhos e quando levam as crianças a debates e/ou
discussões geralmente a solidariedade com a companheira partirá de outras
mulheres.
Alternativas
Sabemos que tanto as mulheres como os
homens reproduzem o machismo, porém a mulher ao negá-lo nega a um estado de
opressão enquanto o homem se nega a um “privilégio”, cabe a esquerda como um
todo, homens e mulheres, discutirem essa questão, alguns coletivos acham
dificuldade nessa discussão por achar que é exposição de uma fragilidade dentro
do movimento, porém o movimento é sim muito frágil, as discussões de seus
problemas são tentativas de avançar na luta, caso contrário será um retrocesso
continuo, a questão de gênero perpassa as mais diversas formas de opressão, já
dizia Marx: A opressão do homem pelo
homem iniciou-se com a opressão da mulher pelo homem, enquanto houver opressão
machista a luta de classes se torna impossível. A luta não é só das mulheres,
mas de todos que se dizem militantes da esquerda revolucionária.
Carpe
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