"Sou uma mulher madura que as vezes anda de balanço , sou uma criança insegura que às vezes usa salto alto. Sou uma mulher que balança, sou uma criança que atura."

Martha Medeiros

segunda-feira, 8 de março de 2010

100 ANOS DO DIA INTERNACIONAL DA MULHER

“Ninguém nasce mulher: Torna-se!”, dizia Simone de Beauvoir. E o que é se tornar mulher?
Quiçá assumir-se mulher, buscar-se e, principalmente, forjar-se de dentro para fora. Sendo assim, ainda há muito a ser conquistado. Lutamos, avançamos, mas ainda não podemos nos dizer mulheres. Atualmente, incorporamos um padrão masculino de sexualidade, uma espécie de coisificação do ato sexual. O que vale é o desempenho, a quantidade de orgasmos e por ai em diante. Daí o fingimento, sabemos que muitas mulheres nunca sentiram um orgasmo e que a maioria o sente raramente. Por quê? Se um perde, o outro ganha, ou seja, o homem ganha, a mulher perde. A mulher perde a virgindade (aliás, por que perder a virgindade? por que dar um valor negativo ao sexual?), o homem ganha mais uma conquista, mais uma pro caderninho. Essa repressão sexual é nitidamente expressa na linguagem diária, a mulher é a caça, o homem o caçador. Neste ponto, cabe citar a canção Caçada de Chico Buarque: “Hoje é o dia da graça, hoje é o dia da caça e do caçador”. A caça caçando o caçador, e vice versa, e ambos se realizando, o que ainda está muito distante do que observamos atualmente.
A juventude está mais conservadora, e contraditória, ao mesmo tempo em que as forças conservadoras avançam, e com ela a repressão sexual, o capitalismo precisa desovar suas mercadorias, e para isso não hesita em fazer uso da propaganda sexista. Forja-se uma juventude dual, desejos infinitos, repressão implacável, e uma juventude mutilada pelo “não pode”. Em pleno sec. XXI há quem namore sem beijos, sem sexo, sem nada. Mas “amar, se aprende amando”, como diria Carlos Drummond de Andrade. Que amor é esse que inibe um beijo? Um toque? Uma carícia? Não, este não é o amor, a isto chamamos repressão, ou barbárie. Tornar-se mulher não é ser igual aos homens. É preciso realmente tornar-se mulher, o que só será possível coletivamente e na luta. Lutar é preciso. Tivemos conquistas, mas há muito por ser alcançado. Nossos salários ainda são menores, e se somos negras, são muito menores. Mas salário é exploração, é alismo, não reivindicamos o direito de ser exploradas igualmente, exigimos o controle da produção.
Neste ponto as lutas se unificam, a luta feminista torna-se revolucionária, e só assim ela pode avançar, e o contrário também é verdadeiro. “Quando uma mulher avança, nenhum homem retrocede” Avancemos que o tempo ruge, é preciso alcançar o direito de legislar sobre o próprio corpo, o aborto é um direito. Enfim, tornemo-nos mulheres!



MULHERES EM LUTA



O que é o dia internacional da mulher? Por que oito de março? Que significação tem esse dia para todas nós? O dia internacional da mulher foi proposto pela socialista alemã Clara Zetkin, durante a 2ª conferência internacional das mulheres socialistas, realizada em Copenhage, na Dinamarca, em 1910, mas foram necessários alguns anos até ficar estabelecido o dia oito de março como dia internacional da mulher. As lutas iniciaram-se, aproximadamente, na virada do século XVIII para o XIX, no contexto da Revolução Industrial, quando a mão-de-obra feminina começou a ser incorporada, em massa, na indústria. A condição de trabalho era muito precária, já antes da inserção da mulher no mercado de trabalho, isso era motivo freqüente protestos por parte dos trabalhadores. As operárias além de trabalharem nessas condições, recebiam, aproximadamente, um terço do salário dos homens. Foram muitos os marcos na luta feminista, porém o mais importante é a luta, o quanto essas trabalhadoras alcançaram, incessantemente, a cada dia uma batalha, e no decorrer dos anos as vitórias. O ato mais conhecido é o de 1857, onde as operárias de uma fábrica de tecidos em Nova Iorque fizeram uma ocupação reivindicando melhores condições de trabalho, tais como diminuição da carga horária, equiparação de salários com os homens e tratamento digno dentro do ambiente de trabalho. Elas foram trancadas dentro da fábrica, que foi incendiada, aproximadamente 130 tecelãs morreram carbonizadas. Porém seguem-se muitos outros acontecimentos que
proporcionaram a criação dessa data, como a marcha de 15.000 mulheres, em 1908, pelas ruas de Nova Iorque exigindo os mesmos direitos. O que se estendeu por todo o mundo, em todos os lugares nossas companheiras operárias lutavam. A luta dessas trabalhadoras também teve participação durante a revolução russa. O tabu da inferioridade feminina e a idéia de que a opressão da mulher pode acabar no capitalismo foram desmentidos pela revolução, só a revolução pode emancipar as mulheres. O problema histórico da opressão da mulher, que a burguesia não só não resolveu como aprofundou, encontrou as bases para sua solução com a expropriação parcial dos meios de produção na Rússia. Hoje os avanços são muitos, porém a luta continua, ainda hoje lutamos, e provavelmente ainda lutaremos por um bom tempo. A criminalização do aborto, a liberdade de expressão, a criminalização dos movimentos sociais, e o oligopólio da mídia, que invisibiliza as mulheres e suas lutas e desqualifica suas lideranças, estimulando a subalternidade e o preconceito. Essas são algumas das barreiras que temos que enfrentar. Por isso mulheres, vamos à luta!


Carpe

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